Alternactiva

O vernáculo e o utópico

“Para dar apenas um exemplo, em Moçambique, o partido Frelimo começou por ter uma posição hostil em relação a tudo o que era tradicional porque via nele um passado irremediavelmente adulterado pela violência colonial. Foi assim hostil à continuidade das autoridades tradicionais que administravam justiça de modo informal, por membros da comunidade e com recurso aos sistemas de justiça africanos. No entanto, o desmantelamento deste sistema de autoridades comunitárias causou tamanha perturbação nos modos de convivência pacífica nas comunidades, onde de qualquer modo não chegava a justiça oficial, que o governo voltou atrás e legitimou, já em 2000, estas autoridades, que hoje funcionam em paralelo com tribunais comunitários.”

Boaventura de Sousa Santos*

Video do Webinar: Transformação e Desenvolvimento Rural em Moçambique: Políticas, Discursos, Práticas e Alternativas

Este webinário traz diferentes intervenientes e atores trabalhando no sector agrário e agrícola em Moçambique (entre eles e elas pesquisadores, camponeses, empresários e ativistas agrários). O governo de Moçambique lançou recentemente um programa de desenvolvimento agrário denominado SUSTENTA, ao mesmo tempo que auscultações públicas para a alteração da política nacional de terras serão em breve […]

Sobre a persistência da branquitude e a reiteração do racismo

O racismo é um traço constitutivo das sociedades do Norte global, e se capilariza nas estruturas materiais e também nas representações discursivas. Além disso, o racismo é definido por sua capacidade de se transformar, de se disfarçar, de reproduzir-se não apenas dentro dos sistemas de poder de controle social, mas também através de uma mobilização contínua de referências e elementos do colonialismo, que ainda definem a forma com a qual o conhecimento é concebido e produzido. Este processo de reiteração do racismo persiste porque muitas pessoas se beneficiam dele.

Maria Mercone