O nosso país atravessa um dos episódios mais difíceis da sua história, resultante de um combinado de crises que se têm agravado progressivamente. Mas como conter o Covid-19, nestas condições?
A única forma de salvarmos vidas dos e das moçambicanas e consolidarmos a nossa unidade nacional está no Declarar um estado de RECONCILIAÇÃO NACIONAL (Nada de emergência ou desastre; isso tem sido uma constante no nosso país).
Isto requer:
1) Tornar públicas todas as instalações, infraestruturas e serviços de saúde existentes na República de Moçambique; Ou seja, interromper o serviço privado de saúde até que a situação se normalize.
2) Reverter as verbas designadas para viagens oficiais (de Estado) para fora do país, celebração de datas festivas oficiais para 2020 para o fortalecimento do sector da saúde;
3) Mobilizar todos e todas estudantes de medicina e enfermagem do ensino médio e superior, púbico e privado, para as enfermarias e medicinas dos centros de saúde e hospitais do país, principalmente para as regiões mais populosas;
4) Obrigar o grande capital a fazer contribuições (não são doações) para responder a esta crise (Covid-19), com 20% das suas receitas anuais, exceptuando outras taxas e responsabilidades fiscais inerentes a sua actividade empresarial;
5) Cortar em 10% os salários de todos os funcionários públicos que exercem cargos de chefia em todo o território nacional de Abril a Dezembro para subsidiar o sistema de saúde e pagar médicos, paramédicos e médicas, enfermeiros e enfermeiras, estudantes de medicina e enfermagem, equipamentos e maquinas necessárias para tratar de pacientes com Convid-19 (principalmente medicamentos e ventiladores) e doenças afins.
6) Articular com a sociedade civil organizada para a mobilização da população e a sua instrução para cuidados de higiene, auto-cuidado e cuidados colectivos; Aqui, uma atenção especial ás populações rurais, cerca de 70% do nosso povo.
7) Pedir imediatamente ajuda para a China e a Cuba em materiais, médicos e outros meios antes da situação se tornar descontrolada;
8) Criar grupos de contacto nos bairros (há experiências organizativas de base desta natureza no país. Não deverá ser difícil adapta-las a esta causa) para fácil e rápido aconselhamento, rastreio de casos e testes, para descongestionar os centros de saúde e hospitais.
9) Redirecionar o orçamento do Estado para 2020, dos setores menos produtivos e aqueles de prioridade não urgente para a agricultura de modo a permitir que cooperativas, associações de produtores e produtoras, o sector familiar e camponês possa garantir a soberania alimentar de que tanto tanta advocacia temos feito, uma vez que o lockdown dos países vizinhos e outras restrições diplomáticas com o mundo vão produzir um impacto devastador na importação de alimentos (principalmente os de primeira necessidade) para o país.
10) Criar políticas públicas ou legislação que OBRIGUE a TODAS as repartições do estado (principalmente aquelas ligadas a educação, saúde, prisões, assistência social, etc) a dedicarem, 15% de seus orçamentos a compra de produtos alimentos produzidos em Moçambique pela agricultura familiar. Isso vai incentivar a produção rural local/nacional de alimentos pelo campesinato nacional.
11) Fazer um apelo à nação moçambicana para a solidariedade e partilha: quem tiver mais, dar a quem não tem nada. O IDAI deu-nos uma grande lição. É preciso reconhecer e fazer uso desse capital solidário que é característico dos Moçambicanos.
Nada de nacionalismos bacocos e autoritarismos sem sentido. Aprendamos e colaboremos com quem fez e faz bem.
Muita força e muita sorte para o governo de Moçambique. Ou estamos nisto todos, ou sucumbimos como nação!